Você é um falso espiritualista?
Se tem algo que me surpreende é o “espiritualista” que bate no peito ao dizer que agir corretamente já é, por si só, excelente forma de ajudar o planeta.
Ora, agir honestamente , não prejudicando a Natureza e o seu semelhante, é nada mais que OBRIGAÇÃO.
A verdadeira espiritualidade exige, no entanto, um esforço maior, não só para conviver com o outro, que segundo o filósofo francês Jean-Paul Sartre é o “inferno”, mas também colaborar com aquele que está em uma condição mais frágil e que muitas vezes não tem como se defender ou sobreviver sozinho.
É fácil ser iluminado trancafiado em um mosteiro, sem nenhum conflito para administrar. Ou ainda mostrar luz (de LED) teclando desesperadamente nas redes sociais, deitado em uma rede na varanda de seu apartamento.
Novos modismos espiritualistas escondem através de um excelente marketing o antigo “egoísmo”. Muita gente se diz praticante de meditação e yoga, vegana, defensora da diversidade mas é incapaz de dedicar algumas poucas horas da semana para colaborar em algum projeto coletivo.
Projetos esses que podem ou não passar por um viés religioso, para quem busca fugir de qualquer doutrinação.Hoje em dia há ONGs, não necessariamente vinculadas a igrejas ou centros espíritas, sérias em todas as áreas: desde a proteção dos animais até educação para terceira idade, passando por profissionalização de jovens e recuperação de dependentes químicos.
Não que uma instituição religiosa não possa oferecer excelente contribuição social. Inclusive em terreiros e centros espíritas em que o passe ajuda muita gente a encontrar a paz interior e apoio para curas físicas.
Para aqueles que só falam em meritocracia, é importante lembrar que as pessoas saudáveis, emocionalmente, fisicamente, psicologicamente e espiritualmente, são responsáveis por si e devem contribuir para o crescimento da sociedade. No entanto, aquelas, temporariamente ou não, incapazes merecem toda nossa ajuda.
Apoiar o próximo não é se sacrificar. Devemos respeitar nossa saúde e nossos limites mas também, dentro de nossas limitações buscar melhorar, desinteressadamente, a vida de outros. Colaborar com projetos e obras que melhoram a vida dos demais seres humanos, animais indefesos e demais espécies, muitas em extinção, mostra quem são os verdadeiros espiritualistas.
Não vivemos apenas a era dos falsos profetas, mas também dos falsos espiritualistas. Gente que através do marketing das redes sociais e das filosofias light escondem sua falta de amor e generosidade. Pense nisso.
Ricardo Hida, Akíndémi.